Casos de Consultório: Como viver o seu papel dentro da família para “se encontrar” na vida.
O que fazer quando um consultante chega no consultório e diz que precisa se reencontrar, que se sente perdido? Diz que tenta mudar e não consegue. Não aceita ou não quer mais viver como está.
Bem, no caso de consultório de hoje vou falar sobre o que o terapeuta pode fazer para auxiliar o consultante que quer mudar de vida, mas não consegue.
Como funciona a primeira consulta (dentro do consultório)?
Primeiramente eu perguntava os dados pessoais do consultante (por lei não podemos usar a palavra paciente, podemos usar cliente, consultante ou consulente. Só se você for profissional da área da saúde. Mas terapeuta não pode usar este termo).
E em seguida eu queria saber o que fez com que ela viesse até mim. Quais as dificuldades e as dores que ela estava enfrentando no momento.
E a partir disso eu conduzia mais algumas perguntas que iam me ajudando a nortear o trabalho.
Neste caso que vou falar hoje, a consultante relatou que precisava se reencontrar e que se sentia perdida na vida profissional.
Já tinha morado fora do Brasil. Quando voltou abriu uma empresa de turismo, mas se sentia insatisfeita.
Só que por outro lado, não tinha ideia do que fazer ou em qual profissão podia atuar. Com isso, dizia que tentava mudar e não conseguia, pois não via outros caminhos.
Ainda pensava que precisava de disciplina, se irritava por qualquer coisa, sentia preguiça e falta de vontade no dia a dia.
Sua vida financeira estava ruim, a empresa não prosperava e os negócios não iam bem. Até estava bem no relacionamento, mas precisava lidar com a filha do outro casamento dele e não estava sendo fácil administrar isso.
Durante a nossa conversa, perguntei também sobre como era a relação com os pais, como foi sua infância e adolescência para entender melhor os motivos mais profundos que fizeram a realidade dela ficar desta forma.
Ela contou que os pais se separaram porque o pai traía a mãe. E que o tempo que ficaram casados, foi por causa da filha. Disse ainda que não tem muito afeto pelo pai e que se sentia desamparada e desprotegida, com relação a ele.
Quanto a mãe, sentia que ela precisava muito da filha e sendo assim, ela se sentia muito responsável por ajudar, estar por perto.
Análise do caso
Baseado em tantos estudos dentro de muitas teorias diferentes, sempre entendi que um dos pontos fundamentais na hora de ajudar o seu cliente está na maneira como ele se relaciona com sua origem, e também com suas relações, especialmente com pai e mãe.
Neste caso, a principal dor era “o não se encontrar na vida”, porque o resto era consequência disto. Se você ler novamente, vai perceber que todos os outros sintomas estão relacionados a isso.
Então, neste caso, procurei ajudar essa pessoa a realmente olhar para si, ressignificar seu relacionamento com os pais e entendendo que tudo foi como tinha que ter sido.
Aí veio um processo profundo de aceitação. Pois existia uma revolta interna muito grande, e uma necessidade de ser livre daquilo que a fazia se sentir responsável. Por isso, não estava “disponível” para enxergar possibilidades na própria vida.
Mesmo o pai tendo outra família e outra vida, mesmo ela sendo adulta e a separação dos pais sendo algo do passado, ela carregava esse peso e uma “certa responsabilidade” pela infelicidade da mãe.
Lógico que aqui darei algumas dicas baseadas no que fiz com esta cliente, mas cada caso é um caso e eu sempre digo que o terapeuta precisa personalizar seu atendimento, orientando e ajudando de forma exclusiva.
Porque isso faz com que o cliente se sinta acolhido e dá mais certeza de que será ajudado da melhor forma.
Dicas de consultório
Por isso agora vou compartilhar quais as top dicas que podemos trabalhar para este caso.
É importante que o terapeuta faça mais perguntas e que ele evite dar as respostas, porque o que o consultante precisa já está dentro dele, então nosso papel como profissional é orientar e apontar caminhos baseado no que o cliente sente que é coerente para ele naquele momento.
E claro, se você tiver outros recursos que ajudam e complementam, use-os também, combinado?
Para trabalhar a aceitação, acredito que é bacana fazer o exercício (como meditação, que você pode conduzir) de mentalizar primeiro a mãe, entrar em sintonia com ela, sentindo o seu amor, como se estivesse sendo pegada no colo e recebendo todo o conforto e o amparo dela.
Também pode pedir que diga mentalmente:
“sinto muito por todas as vezes que deixei de ser filha e quis ser responsável por você! Eu fiz isso por amor, mas agora preciso seguir a minha vida e você a sua. Por isso, a partir de hoje, serei sua filha e ocuparei o meu lugar!”
Depois, mentalizar o pai e sentir a força que ele tem. E então pode dizer mentalmente:
“eu sinto muito por todas as vezes que desejei que você fosse diferente. A partir de hoje eu aceito tudo como foi e ocuparei o meu lugar de filha, para receber todo o seu amor de pai!”
Após esse exercício, que já vai ser bem profundo, você pode aplicar alguma técnica de energização ou fazer alguma prática que esteja conectada com o momento. Mas, se sentir que só isso já ajudou e liberou muita coisa, pode finalizar o atendimento.
Lembrando que esta seria uma ideia da primeira consulta. O ideal é que seja dado continuidade para que você acompanhe os movimentos que serão feitos pelo seu cliente.
Certamente depois dessa prática, ela vai se sentir mais leve, mas não vai resolver todo o problema, que é “se encontrar” na vida. Esse é apenas um movimento que será feito, para que ela se sinta mais disponível para perceber oportunidades e possibilidades, ou seja, para que se abra para a vida e receba o que é de seu merecimento.
E aí nas próximas consultas, você pode ajudar essa pessoa a perceber o que a faz feliz, ajudar ela a elaborar suas metas de vida e fazer todo o trabalho de conscientização dos próximos passos que ela vai seguir, dali para frente.
Assista a live aprofundando este texto:
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