Casos de consultório: aprenda a dizer não, elimine a frustração e receba mais reconhecimento do mundo e das pessoas.

A história de hoje é de uma consultante que se sentia triste. Às vezes não tinha vontade de sair de casa. Tinha recém terminado o namoro, mudado de emprego, sentia ansiedade e estava desanimada com a vida.

O que ela mais queria era “se entender” e voltar a ter alegria. Também comentou sobre “saber dizer não”, pois tinha consciência de que se doava demais para as pessoas.

Como funciona a primeira consulta (dentro do consultório)?

Veja o vídeo para saber como funciona uma consulta de Terapia Holística! E também quais dicas são essenciais para o terapeuta realizar o primeiro atendimento.

Algo muito importante para os terapeutas...

Sempre indico que o profissional faça mais perguntas e que ele evite dar as respostas, porque o que o consultante precisa já está dentro dele, então o seu papel como profissional, é orientar e apontar caminhos, baseado no que o cliente sente que é coerente para ele naquele momento.

Falando sobre esse caso, além de se sentir triste, sem vontade de sair de casa, tendo que enfrentar o processo da mudança de trabalho e do término do relacionamento, ela me relatou que estava tomando medicamentos para depressão.

Me falou que costuma se dedicar muito para as pessoas e ao que faz, mas não recebe reconhecimento, nem retorno. E que isso frustra, incomoda.

É apegada a família, a quem ama e tende a não falar sobre suas dores. Aí quando “explode” vem tudo de uma vez. Xinga quem não quer, se irrita e libera tudo que fica guardado por um tempo.

Agora falando sobre os pais e o que lembra da infância, disse que não tem afeto pelo pai, que brigavam muito e ele era distante. Mas que os irmãos supriram a sua falta. É a filha mais nova da família.

Lembra que era uma criança brincalhona e alegre e que se enturmava bem, que teve carinho e amor dos irmãos e da mãe. A mãe sempre foi guerreira e batalhou muito.

Quanto aos relacionamentos amorosos, falou que tinha a tendência de apoiar e era carinhosa. Mas sentia que não era reconhecida, que não recebia na mesma proporção.

Análise do caso

Ao analisar bem profundamente a situação desta consultante, dá para entender que a principal dor era o não reconhecimento e a perda da alegria de viver, tanto que inclusive já estava tomando remédios para tentar resolver isso.

E aí ficava evidente o quanto ela precisava reconhecer a si própria, para então receber o reconhecimento das pessoas. Afinal, o que acontece “fora de nós” é apenas um reflexo de como estamos “dentro”. Mas para que isso aconteça é necessário resgatar o amor de quem lhe deu a vida. E neste caso em especial, o resgate maior era com o pai.

Pois a forma como ela se colocava no mundo e nos relacionamentos estava associado a maneira como se conectava ao pai.

Esta distância com a figura paterna, trazia como consequência essas desordens que geravam o não reconhecimento e a frustração, principais queixa dela.

Para contextualizar e até poder lhe orientar sobre as dicas que podem ajudar nesse caso, é importante entender o papel dos pais.

Olha só! A mãe é quem nos dá força para construir a vida. Foi ela quem nos deu o primeiro sim. O pai é quem nos dá força para levar o nosso trabalho e o que temos de melhor para o mundo.

Nosso papel é o de olhar para os nossos pais, respeitar o lugar deles de grande, se colocando no nosso lugar de pequeno, para então receber toda a força e a bênção deles para ser quem nascemos para ser. Além disso, se colocar no nosso lugar também alinha com relação ao papel que podemos ocupar na vida das pessoas.

Neste caso, ela precisava resgatar este olhar para os pais. E partir daí é que ela conseguiria olhar para si, para os seus propósitos e perceber a grandiosidade da vida para voltar a ter alegria novamente.

Outra questão importante para ser trabalhada neste caso é a lei do pertencimento.

Esta lei diz que todos queremos pertencer. Por isso, se alguém é excluído, alguma desordem se apresenta ou alguns comportamentos que não gostamos se repetem, é porque precisamos continuar pertencendo ou incluir quem foi excluído.

Na prática, quando esta lei está em desequilíbrio, uma das consequências pode ser a necessidade constante de ser aceito e de provar o quanto somos bons no que fazemos. Por isso a necessidade de querer ser reconhecida e de ajudar constantemente, se doando mais do que devia.

Embora todos tenham agido por amor e por julgar que essa atitude era a melhor, ela não poderia ter colocado outra pessoa no lugar do seu pai. Pois ao fazer isso, quem assume esse papel, se sente pesado e a vida desta pessoa também não flui.

Além disso, renegar os pais (ou um deles) é como renegar a vida. Renegar a vida é renegar possibilidades. Analisando desta forma, dá para entender também o motivo de tanta tristeza e até da depressão.

Então agora vou dar algumas dicas sobre como resgatar isso na prática. Pois ela precisava nutrir o seu coração com o que é capaz de dar a si mesma, resgatando esse amor do pai e dando um lugar para ele novamente, para então se colocar no seu lugar.

Vou dar essas dicas baseado no que fiz e vou complementar com algumas dicas que daria, caso atendesse ela hoje. Mas lembrando que cada caso é um caso e eu sempre digo que o terapeuta precisa personalizar o seu atendimento, orientando e ajudando de forma exclusiva, olhando para a necessidade que a pessoa tem naquele momento.

Dicas de consultório

Neste caso em especial eu faria uma mentalização, pedindo que ela dê um lugar ao pai, que ocupe o seu lugar de filha para então ocupar o seu lugar no mundo.

Pois quando se coloca no “lugar que não deveria” na vida das pessoas, não consegue olhar para si, nem para os seus projetos e muito menos dizer não quando necessário.

O trabalho maior aqui é o de reconhecer o seu papel na vida das pessoas. E acredito que uma das formas é começar com a atitude de concordar com a atitude do pai e resgatar o amor dele.

“Inspire e expire, sinta o seu corpo, sinta o movimento da respiração e perceba através da respiração, o movimento da vida acontecendo.

Sinta o quanto é fluido respirar. Permita que esse simples ato, faça você sentir uma profunda gratidão por estar vivo.

Entre em sintonia com este momento e com o momento da sua concepção. Sinta o amor dos seus pais neste ato.

Conecte-se com o seu pai e com tudo que veio antes, com todo o sistema familiar dele, como se olhasse nos seus olhos e através dos seus olhos, você se conectasse a todas essas pessoas.

Olhe para todos através dos olhos do seu pai. E nesse momento apenas concorde, aceite e diga mentalmente: eu concordo com tudo que veio antes! E reverencio todos vocês. Tudo que aconteceu, era para ser assim e está tudo bem!

Pai, eu sinto muito por querer que você fosse diferente! A partir de agora eu dou um lugar para você no meu coração.

Nesse momento, sinta que o seu pai está do lado direito e que sua mãe está do lado esquerdo. Honre a vida que eles lhe deram! Agradeça profundamente e apenas concorde com o seu destino! Saiba que os seus pais fizeram o melhor que puderam, na condição que tinham.”


Após esse exercício, o ideal é indicar que ela faça mais vezes. Para isso, você pode gravar um áudio e mandar para ela ouvir todos os dias e se conectar com a energia dos pais. E o mais importante: dar um lugar para eles no seu coração.

Depois, você pode aplicar alguma técnica de energização ou fazer alguma prática que esteja conectada com o momento.

Sempre indico que você busque ideias e práticas que já mudaram a sua vida. Tem algo sobre se sentir incapaz e não merecedor e que você poderia fazer no consultório e que ajudaria para este caso? Se sim, use essas dicas e aplique-as na sua consulta!

Caso sinta que só a mentalização já ajudou e liberou muita coisa, pode finalizar o atendimento.

Lembrando que estas dicas seriam trabalhadas apenas na primeira consulta. O ideal é que seja dado continuidade para que você veja os movimentos que serão feitos pelo seu cliente. E aí poder ajudar ele nos próximos passos.

Para finalizar quero deixar uma indicação de um vídeo que fiz no meu Canal do Youtube. Ele também vai complementar o que falei aqui sobre esses resgates e sobre o poder de dizer não.

Se preferir, pode acessar o conteúdo desse post em vídeo