Casos de consultório: como se libertar da autocobrança e tornar a vida mais leve?

Essa consultante chegou falando que o seu principal desafio no momento era a “autocobrança”. Também queria se libertar da tristeza e melhorar a relação com os pais.

Veio por recomendação da avó e sentiu que a Terapia Holística podia ajudar nessas questões.

Uma das suas metas no momento era passar numa universidade federal. E estava em busca de equilíbrio para realizar o sonho de estudar o que mais amava.

Como funciona a primeira consulta (dentro do consultório)?

Caso você queira saber como funciona uma consulta de Terapia Holística, veja o vídeo abaixo! E para quem é terapeuta, nele tem dicas de como realizar o seu primeiro atendimento.

Lembrando sempre que cada caso é um caso. Por isso sempre indico aos profissionais que tenham um roteiro programado de “perguntas chaves”, ou seja, perguntas que sejam importantes e que irão conduzir o seu trabalho.

E que organize os seus atendimentos com dinâmicas, exercícios e práticas que agreguem e atendam as necessidades do cliente.

Geralmente eu costumo iniciar perguntando sobre as principais dificuldades, o que mais incomoda no momento, suas maiores dores e o que o incentivou a buscar pela terapia.

Depois pergunto sobre sua história de vida: relacionamento com os pais, como foi a infância, a adolescência, relacionamento amoroso e fatos marcantes da sua vida.

E aí conforme a conversa vai fluindo, vou perguntando mais detalhes do que julgo ser importante saber. Pois é assim que consigo entender a melhor forma de ajudar essa pessoa que está ali na minha frente.

Sobre a história do caso de hoje

Bem, falando mais sobre este caso, ela me disse que não gostava de morar onde morava e que os pais eram separados. No momento morava com a avó. A mãe tinha ido embora quando ela era pequena.

Também tinha a sensação de que a mãe não gosta dela. Não eram amigas e não conversavam muito. Achava a mãe muito “dona da razão” e egoísta. Parecia que tudo que fazia para agradar, a mãe rejeitava e só pensava no que era melhor para si. Por isso tinha medo de fazer as coisas e desagradá-la.

Quanto ao pai, não tinha vontade de ficar perto, sempre ficava se explicando, parecia que devia satisfação e que fazia tudo errado. E percebia que ele não se preocupava muito.

Morou um tempo com o pai e não deu certo, foi difícil conviver. Viu que ele era muito desinteressado pelas coisas e por ela.

Quanto aos relacionamentos, a mãe não gostava muito do namorado e o pai não se importava.

Naquele momento não queria ficar sensível e nem perder o foco, que era passar na federal. Por isso, se afastou. Sente que ele gostava dela, mas ela preferia não levar o namoro a sério para que isso não afetasse os seus estudos.

Análise do caso

Nesta história podemos analisar vários pontos: a dificuldade em deixar a vida ser mais leve, receber as bênçãos e fluir para a realidade que gostaria.

Mesmo sendo jovem, já vemos comportamentos de uma alma que provavelmente carrega o peso e a dor de não se deixar viver uma vida leve, entende?

Isso faz com que se sinta incapaz em várias áreas. No relacionamento com os pais, não consegue contentar eles; no relacionamento amoroso, não se abre para viver a experiência; na faculdade, tem receio de não passar no vestibular; têm dificuldade em se abrir, falar o que sente, com medo de desagradar as pessoas.

Enfim, são vários indícios que mostram o quanto esta menina precisava deixar de se auto cobrar tanto, para viver uma vida mais fluída.

Por isso, um dos primeiros passos foi ajudar ela a entender o seu papel dentro da família. Porque a sua postura com relação aos pais é a mesma que está tendo na vida como um todo. Assim como cobra muito de si, está cobrando muito dos pais e achando que o que eles fazem nunca é o suficiente.

É um processo de realmente começar a olhar para os seus pais e dar “o lugar de grande” para eles, se colocando como filha. Afinal, quando queremos “ser maiores” do que os nossos pais, a tendência é que criemos muitas desordens na vida. Entre elas, o excesso de expectativa, o “querer ser muito grande”, no sentido de querer ser muito maior do que o que pode fazer no momento, entende? Com isso, vem o medo de crescer, de evoluir e do futuro.

Quando voltamos para o nosso lugar, conseguimos confiar, ter força para enfrentar a vida e sentimos mais leveza para seguir e cumprir com o nosso destino.

Dicas de consultório

Mentalização para se conectar com os pais

Por conta do processo que ela estava vivendo e até mesmo por ela ter vindo na terapia com o desejo de melhorar a relação com os pais, inconscientemente a sua alma estava “pedindo socorro” com relação a isso.

Por isso eu começaria um trabalho de resgate com a origem. No momento em que ela se sentir novamente conectada com o amor e a força dos pais, muito das preocupações que ela sentia, iam embora.

Além disso, precisa se conscientizar de que não precisa carregar a dor dos pais para si. Inevitavelmente e inconscientemente nós temos a tendência de querer libertar nossos pais das dores deles.

E ela estava tentando fazer isso desesperadamente. O que a fazia querer ocupar o lugar dos avós e inconscientemente se tornar “maior que os pais”. Por isso a importância de trabalhar essas questões hierárquicas.

Para isso, vou deixar uma mentalização que pode ser feita em casos assim. Pode ser que a pessoa até resista e é normal. Mas no seu papel de terapeuta, do seu lugar, ajude ela a compreender que ela precisa ter esse resgate para fluir e sentir a vida acontecendo de forma mais leve.

Vamos a mentalização?

Feche os seus olhos, respire profundamente e acalme os sentidos do corpo. E ao entrar em sintonia consigo mesmo e com a sua essência, conecte-se com a sua origem.

E neste instante, volte para o momento do seu nascimento, o seu primeiro sucesso e o primeiro contato com os seus pais.

E então receba esse momento e receba o amor dos seus pais! Não importa como foi, o importante é sentir o amor e bênção deste momento.

Sinta-se nos braços da sua mãe, sinta o colinho da mãe. Receba esse momento, como se ele estivesse acontecendo agora. Seja filha, seja pequena e acolha no seu coração tudo que a sua mãe quer lhe dar. Receba o calor, o sustento e a conexão que existe entre vocês.

Agora olhe nos olhos da sua mãe e diga mentalmente: “mãe, eu sinto muito por ter me perdido e ter deixado de receber o seu amor. De todas as formas possíveis, eu tentei ser a melhor filha para você. Eu também tentei ser o que você esperava de mim e quis aliviar a sua dor. Mas acabei me envolvendo em assuntos muito grandes para mim e quis ser maior do que você. Eu fiz isso porque te amo mãe e sempre te amarei. Mas agora eu preciso seguir o meu caminho. Por isso eu concordo com o meu destino e com tudo como foi. E nesse momento eu entrego os seus assuntos para você, mãe. E me coloco novamente no meu lugar de filha para seguir o meu destino, mas com você dentro do meu coração. E neste momento eu recebo todo o seu amor e sua bênção!”

Sinta como é este lugar e como é leve ser filha!

Agora receba o colo do pai, receba o amor do pai e sinta-se protegida e acolhida pela energia e pela força do pai.

Olhe nos olhos dele e diga mentalmente: “pai, eu amo você e eu sei que tenho me sentido tão distante ultimamente. Aliás, nós dois estamos distantes um do outro. Eu me distanciei por amor, por julgar que assim seria melhor para nós. Também quis ser maior do que você e cuidar dos seus assuntos. Mas hoje eu estou pagando um preço alto por isso. Pois só você pode cuidar da sua dor e resolver a sua vida. Afinal, eu sou só sua filha. Por isso nesse momento, eu me coloco no meu lugar para receber você e a sua bênção. Pai, eu consigo te ver muito maior do que eu e consigo ver os meus avós maiores ainda. O que faz com que eu me sinta muito mais forte e consiga me entregar aos presentes que a vida me dá, todos os dias e a todo momento.”

Como é estar nesse lugar e receber as bênçãos de quem veio antes? Receba, esteja disponível para ser apenas a filha. Concorde com o seu destino e com todos que vieram antes. Permita-se ocupar o seu lugar de pequena para ser grande na vida.

E aos poucos venha retornando e deixando a energia!

Algumas dicas sobre ter uma vida mais leve

Confesso para você que assim como a consultante que atendi, ainda tenho momentos em que me cobro muito, e que acho que não estou fazendo o suficiente. Por isso todos os dias eu faço algumas ações para deixar a vida ser mais leve e que indiquei para esta pessoa.

Uma das frases que me ajuda quando estou vivendo momentos em que me cobro e penso que devia fazer mais é: “o que é possível eu fazer agora?” Essa frase se tornou libertadora para mim. Só de falar já me sinto mais leve...

Outra coisa que costumo pensar é: “o que é possível fazer, do meu lugar, do melhor que posso.” Essa frase ajuda a impor alguns limites e saber “até onde podemos ir” com o que fazemos, principalmente quando isso envolve outras pessoas.

Essas são formas mais práticas para trabalhar essas questões no dia a dia, e que para mim e meus consultantes funcionam e funcionaram muito bem.

Dicas para terapeutas

Após finalizar a meditação ou a prática que você achar mais conveniente aplicar no momento, o ideal é que você recomende que o consultante volte.

Assim você pode acompanhar mais de perto os movimentos que serão feitos, as transformações e poderá continuar ajudando-o com relação as suas metas para o futuro. Pois se continuar mudando a sua mentalidade e “se colocando no seu lugar”, muitas transformações positivas irão ocorrer.

Também vou deixar aqui mais um vídeo com dicas que complementam o caso de hoje, ok?

Se preferir, pode acessar o conteúdo desse post em vídeo